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Ignora que é fake

  • Gabrielly Lopes Canova
  • 1 de abr. de 2021
  • 4 min de leitura

Neste Dia da Mentira, o CAPSI te explica o panorama atual das fake news, por que elas pioraram na pandemia e como você pode fazer para combatê-las


Na era das mídias sociais, uma simples manchete já é suficiente para propagar fake news. Delmazo e Valente (2018) expõem este fenômeno que você, provavelmente, também já vivenciou. Sabe aquela notícia fazendo sucesso no grupo da família no WhatsApp? As chances são de que 6 entre cada 10 pessoas compartilhem o link sem ao menos ter clicado nele primeiro. O dado é de uma pesquisa de 2016, realizada pela Universidade de Columbia em conjunto com o Institut de France.

Fake news

Delmazo e Valente (2018) ressaltam que tendemos a confiar nas informações, enxergando as notícias primeiro com a lente de nossas crenças pessoais e, com base nisso, avaliamos se aquela informação faz sentido. Como coloca Geifert (2018), para começar a discutir sobre fake news, é importante ressaltar que as notícias falsas possuem poder de manipulação porque a sociedade como um todo usa as notícias em geral como verdades absolutas. A falta de criticidade no olhar é somada à rápida difusão de informações nas mídias sociais, que trouxeram as fake news a um patamar muito mais sério, com potencial de influência na política, organismos internacionais e pesquisas.


A partir de 2016, o termo tomou proporções exorbitantes e passou a ser utilizado de forma errônea pelos próprios canais de notícias que tinham intenção de diminuir o valor das informações passadas pela concorrência (Geifert, 2018). O autor acredita que, para reduzir o fenômeno das notícias falsas, é necessário substituir a informação incorrenta por outra, coerente com a realidade.


Pandemia: falta de informações, excesso de fake news


Com a pandemia de Covid-19, também vieram os desafios de combater fake news sobre possíveis curas, formas de prevenção e, inclusive, sobre a própria pandemia ser uma fake news. Em 2018, o Ministério da Saúde do Brasil criou um site eficiente até hoje, no qual é possível consultar quais notícias foram consideradas fake news.

Fake news - Ministério da Saúde
Site do Ministério da Saúde se baseia em informações científicas para averiguar a veracidade de informações.

Além desse site, é possível enviar notícias suspeitas para o número (61) 99333-8597 e o Ministério da Saúde responde, com base em evidências científicas, se a informação é verdadeira ou não. No caso da pandemia do Covid-19, por existirem poucas informações sobre a doença, a propagação de fake news foi muito rápida e eficiente. O problema é agravado quando o Governo Brasileiro acaba se apoiando em algumas delas.


Sendo assim, Neto et al (2020) afirmam que produção de literatura científica brasileira acerca da Covid-19 foi lenta, o que colaborou com a propagação das fake news. A população necessita de informação e, como não há uma fonte confiável, aceita o que vier.

Dados sobre as notícias falsas no Brasil


De acordo com o relatório mais recente da segurança digital no Brasil (2018), foram detectados 5 links maliciosos por segundo, sendo que aproximadamente 1 em cada 5 brasileiros foi alvo potencial destes links. Entre os assuntos mais comuns das notícias falsas estão aquelas voltadas à política, saúde e dinheiro falso.


A pesquisa mostra qual a porcentagem de notícias falsas por região do país, sendo a região Sudeste a com maior propagação (46,6%), seguida pelo Nordeste com 28,2%, Sul com 9,5%, Norte com 8% e Centro-Oeste com 6%. Em relação ao gênero, os resultados mostram que o número de detecções é 3,3% maior em homens do que em mulheres. A pesquisa foi realizada com mais de 35 mil brasileiros e mostrou que 85% recebem correntes por WhatsApp ou Facebook Messenger e 64,6% foram impactados por informações falsas nessas correntes.

Dicas para combater as fake news


Uma forma eficiente de perceber se alguma notícia é fake news é o questionamento de suas origens. Se a notícia é veiculada pelo WhatsApp, sem nenhum aporte externo, podemos concluir que não é tão confiável quanto uma notícia publicada em um jornal de qualidade.

  1. Sempre desconfie das notícias recebidas, independentemente do canal e de quem a enviou.

  2. Procure sempre questionar as notícias e sua veracidade, lembrando que não existem verdades absolutas: o que existe e é valorizado por veículos de qualidade no jornalismo é uma busca por relatar os fatos de forma justa e coerente.

  3. Confira se a notícia em questão foi veiculada em outros canais, analisando também se foi veiculada em sites confiáveis.

  4. Não continue compartilhando a notícia se não tiver certeza de que ela é verdadeira.

Com a Internet, o acesso à informação é muito mais fácil: pesquisando sobre o tema no Google, aparecem matérias diversas de veículos de comunicação, possibilitando a leitura de vários pontos de vista e enfoques acerca de um mesmo assunto. Isso facilita para perceber e analisar se a notícia é ou não falsa.

Quer saber mais?


- Documentário: O Dilema das Redes (2020) / Netflix

- Filme: Rede de Ódio (2020) / Netflix

- Projeto “E se fosse você?”, de Manuela D’Ávila: https://www.esefossevoce.com.br/

- Curso online “Vaza Falsiane”: https://vazafalsiane.com/



Esperamos que neste Dia da Mentira o texto sobre as fake news possa ter esclarecido um pouco para cada um de vocês o que são notícias falsas e qual é seu impacto. Não devemos de forma alguma compartilhar fake news: se quiser, pode até treinar conferindo as informações deste texto antes de enviar no WhatsApp.


Texto: Gabrielly Lopes Canova

Revisão: Maria Rita Dantas

Edição: Natalie Vanz Bettoni


Referências


Gelfert, A. (2018). Fake News: A Definition. Informal Logic, 38(1), 84–117. Disponível em: https://doi.org/10.22329/il.v38i1.5068


Neto M, Gomes T de O, Porto F R, Rafael R de M R, Fonseca M H S, Nascimento J. (2020). Fake news no cenário da pandemia de Covid-19. Cogitare enferm. [Internet]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v25i0.72627


Delmazo, C., & Valente, J. C. L. (2018). Fake news nas redes sociais online: propagação e reações à desinformação em busca de cliques. Media & Jornalismo, 18(32), 155-169. Disponível em: https://doi.org/10.14195/2183-5462_32_11


Ministério da Saúde (BR). Saúde sem Fake News. [Internet]. 2018. [acesso em 29 mar 2020]. Disponível em: https://www.saude.gov.br/fakenews

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